NA AVALANCHE
por Cristian Costa
Chegou a hora
Mal ouço a voz do cara que passa rapidamente ao meu lado. Ele sussurra algo do tipo: “Se preparem para tomarem uma goleada na quarta”. Quando viro o rosto, ele já esta quase na porta do bar. O homem veste um chinelo de dedo, uma bermuda desbotada e a camiseta do Internacional. Roupa tipicamente praiana. Até por que a gente está na praia.
É sábado de carnaval e eu, o João, e o Luciano acabamos de ver na tevê de um bar qualquer a derrota do Grêmio para o São José por 2x1. O resultado nos deixa na quarta posição do grupo. E coloca, prematuramente, o Grêmio no caminho do nosso principal rival. Para delírio do meu “companheiro” de bar colorado que via a goleada do time do Sonda contra o Pelotas num outro anexo do estabelecimento . O Luciano ainda tenta consolar o grupo dizendo que a gente vai fazer o crime. E na é que o meu amigo músico estava certo. Kleber e Leo Gago nos garantiram o triunfo no grenal, até certo ponto, surpreendente. O 2x1 em pleno Beira-Rio classificou o tricolor para a semi.
O jogo do Gauchão deve servir como um sinal de alerta para o Grêmio. Foco total no jogo, não importa que o Time do Sonda perdeu as últimas quatro sem fazer gol. Clássico é clássico e vice-versa, como diria o Jardel. A torcida deve fazer a sua parte. Incentivar e não desmerecer nunca o adversário.
O jogo vale a classificação direta para a fase de grupos e tem um peso histórico também. Por isso, vamos brigar cada minuto pela vitória e se ela não vier, como bem disse o Saul, vamos quebrar o pau que nem na inauguração do Beira-Rio.
Os jogadores não precisavam dessa pressão extra, mas a vaidade dos comandantes tricolores ultrapassa o bom senso. A inauguração da Arena poderia acontecer tranquilamente em 2013 com a presença do Odone, do Koff e do Hélio Dourado. A transição seria natural e o estádio estaria concluído totalmente. Mas enfim, agora não adianta chorar. O lance é entrar em campo e fazer o serviço bem feito. Boa sorte!!
A Criança Nasceu
O Grêmio conquistou o estadual sub-15. Primeiro e único título estadual, oficial da Federação Gaúcha de Futebol, da gestão Paulo Odone. O presidente/político ainda pode se gabar de ter outra conquista importante : a Taça BH. O tricolor ainda está na disputa da Copa Brasil Sub-20 (encara o Vitória na semi ) e enfrenta o Guarani de Venâncio na final da Copa Sub-19, uma espécie de tornei, patrocinado pela FGF, para manter os juniores em atividade no segundo semestre.
Meu pai que acompanha os jogos da base, falou que a culpa dos seguidos insucessos não é do Paulo Odone, mas do Duda que desestruturou as categorias inferiores. O problema é que só nos últimos dois anos o time sub-20 teve cinco treinadores. Não dá pra chamar isso de planejamento adequado. O bom é que depois do título da Taça BH, graças às defesas do Ygor, a galera pegou confiança e, com a chegada do Wangler, subiu um degrau.
Aliás, o Time sub-15 é o do Lincoln. O garoto de 14 anos que já recebe seis contos do Sonda. Está bom, né !! ??
Dentro de campo, a administração Paulo Odone foi inferior a do Duda. Os números mostram isso. Fora de campo é difícil analisar, pois os clubes são fechados e o sócio só serve para pagar a mensalidade e manter os mesmos encastelados no poder.
Futebol de Mesa
Essa vai para os amigos do Geraldo: nosso último campeonato será no dia 15 e o churras no dia 17.
Sobre a Taça RS, eu já afirmei que esse campeonato deveria acabar, assim como o Centro-Sul.
Entretanto, algumas associações mostram perna para enviar competidores para o tradicional torneio.
O calendário asfixiante torna a competição uma oportunidade para o surgimento de algumas caras novas no botonismo gaúcho. Ou seja, já não sei mais se deveria acabar...
Como o Futebol Explica o Mundo
Estou relendo o livro do americano Franklin Foer. As partes sobre o conflito na antiga Iugoslávia e a rivalidade escocesa são simplesmente sensacionais.
O bom é que o cara reflete sobre os times que torce na Europa. Não existe uma lógica. Eu gosto do Tottenhan na Inglaterra. Até aí tranquilo, pois meu sobrenome é Pereira – os judeus , para fugirem da inquisição, se converteram ao cristianismo e adotaram nome de árvores -, e o time londrino representa boa parte da comunidade judaica. Gostava também do Liverpool, e sua torcida “selvagem”, e do Coventry, uma equipe de cunho esquerdista e ligado ao operariado.
Mas, segundo a lógica judaica, então teria que torcer para o Bayern e o Ajax também equipes com milhares de torcedores judeus. Não curto nenhum dos dois. Na Holanda não torço por ninguém e na Alemanha simpatizo (paradoxo total) com os dois times da mesma cidade: o irreverente e esquerdista ST Pauli e o tradicional e reacionário Hamburgo.
O ST Pauli é um amor recente. Os caras entram em campo ao som do AC/DC (uma das top cinco das minhas bandas internacionais ao lado dos Beatles, Ramones, Nirvana e Queen – a lista nacional tem Replicantes, Camisa de Vênus, Los Hermanos, Ultraje a Rigor e Raimundos). O presidente deles é gay assumido. O cara é dono de uma frase clássica: “Sou o único presidente gay de um time da Alemanha...assumido.”
Sou ateu, mas em função da camiseta azul gostava do Rangers na Escócia (hoje não torço por nenhum). Só que eu sou a favor do Ira que é irlandês, católico e obviamente amado pelos torcedores do Celtic. Ao mesmo tempo odeio o que representa a monarquia inglesa, apesar de achara a Rainha Elisabeth a fudê. Mais um paradoxo.
Na Espanha, gostava do Real. Tinha até time de botão deles. Hoje torço por quase todos. Com o Messi no time é impossível torcer contra o Barcelona (e já teve gente escrevendo que um certo inglês do United era o melhor do Mundo). O Atlético por seu sofrimento eterno e suas propagandas impagáveis – vale a pena procurar no youtube. O Valência em função do Jonas e ser um clube simpático. E o Billbao por sua característica tribal e idealista. Ou seja, vou do time do Franco aos separatistas passando por equipes de origem operária.
Na Itália, sou Juventus. Já fui mais fanático. Na Champions estou torcendo muito, mas no campeonato italiano não, pois o time de Turim já acumula muitas conquistas e gostaria de ver outra equipes (menos as de Milão) desfrutar do sabor de levantar o scudetto.
Da galera da Cortina de Ferro curtia o Estrela Vermelha. Gostava do nome, bem socialista, e do futebol da antiga Iugoslávia. Só que os caras representam o nacionalismo Sérvio na mais pura essência. O líder deles, o Arkan – falecido no início dos anos 2000 -, era um criminoso de guerra.
Na verdade, essa pequena reflexão me permite afirmar que a simpatia com equipes de outros países não é baseada em ideologias ou condutas morais, ela vem de acordo com coisas que passam até despercebidas como uma partida qualquer, o nome, ou a cor da camiseta do clube.
Hoje, curto bem de leve as equipes europeias que citei, mas quando criança sofria com a derrota deles, não com a mesma intensidade que as do Grêmio, obviamente.
Abria a Zero Hora de segunda e começava: ganhei na Aústria, eba. Putz, perdi no Chile, que merda. E por aí ia boa parte da manhã...
CAMPEÃO DE TUDO
por Alex Degani
As Fases da Dor
Há cinco fases de dor. São diferentes em todos nós, mas são sempre cinco: Negação, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação.
Quando sofremos uma perda catastrófica (tipo, ser rebaixado para a Segunda Divisão) passamos por estas.
Começamos pela negação. A perda é tão impensável, que achamos que não pode ser verdade.
Zangamo-nos com todos. Zangamo-nos conosco mesmos. E depois negociamos o que sentimos. Imploramos. Pedimos. Oferecemos tudo o que temos. Oferecemos a nossa alma em troca de apenas mais um dia.
Quando a negociação falha e é difícil continuarmos zangados, entramos em depressão. Em desespero. Algo tipo ceder "dois lances" no último lance da partida... Até que aceitamos que fizemos tudo o que podíamos.
E deixamos a vida tomar seu rumo. Enfim, passamos à aceitação.
Após esta vexatória derrota para a fragilizada Luza (escrevo com Z para relembrar dos escudos do time do Ochôa), consigo atingir o quinto e último estágio da dor. Mas, foi um longo caminho para chegar a Aceitação...
Negaçao: no início do Brasileiro, ainda com as sinapses afetadas pelo fanatismo exacerbado, achava que, mesmo com os primeiros insucessos, o time iria engrenar e conquistar o título. Traçando um paralelo, no futmesa, tivemos gaúcho tomando WO "seqüencial" (Centro-Sul, Cascavel e Salvador). Para ele, o Mário Fernandes das mesas, foi injustiçado. Aliás, nas três ocasiões! Quer exemplo melhor de negação?
Raiva: esta segunda fase começou a aflorar pelos lados da Padre Cacique quando o time começou a naufragar, e Fernandão começou a capitanear o elenco. Para piorar, Luxemburgo colocou o Grêmio na ponta dos cascos. Na taubinha, há exemplo melhor de Raiva do que perder para um botonista geriátrico e após quebrar a régua?
Negociação: evidenciada quando implorava pela melhora do time, mesmo sem o Inter dar mostra de conjunto e sem apresentar cara de time. O colorado seguia estagnado na tabela. Por falar em negociação (na essência da palavra e do significado botonístico), conheço botonista acadêmico que atravessou o Brasil para comprar um time do seu "vizinho" - desavisadamente - pensando ter feito um baita negócio. Engraçado quando escutei a frase: "Dindo, nem sabes quem fez esse time!"
Depressão: fase bem marcada. Teve início quando nós colorados largamos de mão o Brasileiro e passamos a nos contentar com uma vaga para a Libertadores. A ilusão de participar da Libertadores perdurou por um longo período, até que tal fase termina com a queda de Fernandão.
Aceitação: começou na fase Osmar Loss, também marcada por insucessos em pleno Beira-Rio, fazendo com que a nação vermelha se contente - apenas - com uma vaga na Sulamericana. Sai treinador, entra treinador. Afasta um jogador, dá chance para outro. E nada muda em termos de resultado. A fase colorada prova que o Inter está em ruínas, e o grupo colorado precisa ser remodelado. Aliás, mais que o estádio.
Zona de Comentários
É uma das grandes cartadas do Bávaro cavador. Pois, levanta polêmicas, acirra opiniões e, consequentemente, movimenta o blog, ajudando a alavancar nosso ESPORTE. Alguns até se destacam, pois tentam transformar tal espaço em uma Faixa de Gaza online.
Aliás, os adoradores do hobby futmesa, se tivessem com os botões metade da habilidade que possuem com as palavras, enxergariam o futmesa bem além de um passatempo. Mas, o futmesa é isso mesmo.
Descontração, competição, amizades e (não somente) hobby. Achei engraçado, por exemplo, quando li "tirando alguns que acreditam e preferem transformar tudo em desafio (desafio para mim, no FM, só se cortar as duas mãos)".
Depois comecei a pensar se era verdade o que lia. Novamente, as fases da dor? É, primeiramente não acreditei no que li. Senti raiva tão rápido do que alguém pede "a gol". Tentei entender, mas não consegui.
Pensava: "Se com as mãos já parece impossível para ele, como irá fazer sem elas?". Sintomas depressivos tomaram conta da minha mente, pois pensava algo tipo: "Como o professor de história pode estar comentando jogo de basquete?" Ou "Como alguém que tem o hobby de andar de skate pode criticar um surfista? Mas, em questões de segundo, atingi o ápice da aceitação. Sabe como?
Lembrei da popular "Lei de Gérson"! Na cultura brasileira, é definida como um princípio em que a pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz. Mesmo que esse "tudo" seja palavras jogadas ao léu...
1 abraço a todos os botonistas do Brasil, em especial aos amigos Gérson (Franzen) e Azevedo (ARFM)