QUANDO O PRESENTE IMITA O PASSADO
Meus amigos botonistas, após o
quadragésimo campeonato brasileiro, disputado na Regra Brasileira, muita coisa
me envolve o pensamento, fazendo com que eu viaje ao passado.
Primeiro campeonato brasileiro. Salvador, 1970 – Clube Espanhol. Reuniram-se botonistas de cinco estados para disputarem em 10 e 11 de janeiro, aquele que foi o pontapé inicial para esse movimento grandioso da atualidade.
Bahia (promotor), Pernambuco,
Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, pioneiros, reuniram-se e
na noite de 9 de janeiro, participaram da abertura oficial da competição. Essa
abertura foi comandada pelo Ademar Dias de Carvalho, então presidente da Liga
Bahiana de Futebol de Mesa. Na mesa principal os troféus que seriam cobiçados
por todos os botonistas estavam expostos. E como eram modestos esses troféus...
nem de longe fariam frente aos atuais. Prêmios para o primeiro e segundo
colocados, artilharia mais positiva e defesa menos vazada.
Aos demais participantes apenas um crachá. Nem ao menos uma medalha comemorativa de participação foi distribuída. Eram tempos difíceis e os prêmios eram arrecadados em empresas que os doavam, pois nenhuma entidade tinha receitas e nem eram patrocinadas por entidades públicas.
Aos demais participantes apenas um crachá. Nem ao menos uma medalha comemorativa de participação foi distribuída. Eram tempos difíceis e os prêmios eram arrecadados em empresas que os doavam, pois nenhuma entidade tinha receitas e nem eram patrocinadas por entidades públicas.
O campeonato foi disputado de
duas maneiras: por equipes e individual. Por equipes a maneira encontrada foi à
seguinte: três botonistas compunham a equipe e jogavam todos contra todos. A
equipe gaúcha foi composta por Ângelo Slomp (um menino de 14 anos), Walmor da
Silva Medeiros e eu. Ficamos com o quarto lugar, pois não tínhamos a malícia e
a tarimba dos nordestinos. Venceu a competição a Bahia, com Ademar Carvalho,
Hidilberto Santos e Milton Silva (Miltinho), tendo em seus jogos apenas um empate
entre Milton Silva e João Paulo Mury, do Rio de Janeiro. Os outros dois não
perderam um único ponto. As equipes estavam assim formadas: Pernambuco (Hélio
Pitanga, Ivan Lima e Marcelo Tavares), Rio e Janeiro (Adelson Albuquerque, João
Paulo Mury e Paulo Granja), Rio Grande do Sul (Ângelo Slomp, Walmor Medeiros e
Adauto Celso Sambaquy) e Sergipe (Antonio Carlos de Oliveira Menezes, Hamilton
Silveira e José Inácio dos Santos).
Os resultados foram: Bahia 6 x 0 Sergipe, Pernambuco 6 x 0 Rio de Janeiro, Sergipe 4 x 2 Rio Grande do Sul (Inácio 1 x 1 Sambaquy, Hamilton 3 x 3 Ângelo e Antonio Carlos 3 x 2 Walmor). Bahia 6 x 0 Pernambuco, Pernambuco 3 x 3 Rio Grande do Sul (Ivan 2 x 0 Walmor, Helio 1 x 1 Ângelo e Marcelo 1 x 2 Sambaquy), Bahia 5 x 1 Rio de Janeiro, Sergipe 4 x 2 Rio de Janeiro, Bahia 6 x 0 Rio Grande do Sul (Hidilberto 3 x 0 Walmor, Ademar 4 x 1 Ângelo e Milton 7 x 1 Sambaquy), Pernambuco 4 x 2 Sergipe, Rio Grande do Sul 6 x 0 Rio de Janeiro (Ângelo 1 x 0 Mury, Walmor 1 x 0 Paulo e Sambaquy 4 x 1 Adelson). A colocação final apontou: Bahia, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Os resultados foram: Bahia 6 x 0 Sergipe, Pernambuco 6 x 0 Rio de Janeiro, Sergipe 4 x 2 Rio Grande do Sul (Inácio 1 x 1 Sambaquy, Hamilton 3 x 3 Ângelo e Antonio Carlos 3 x 2 Walmor). Bahia 6 x 0 Pernambuco, Pernambuco 3 x 3 Rio Grande do Sul (Ivan 2 x 0 Walmor, Helio 1 x 1 Ângelo e Marcelo 1 x 2 Sambaquy), Bahia 5 x 1 Rio de Janeiro, Sergipe 4 x 2 Rio de Janeiro, Bahia 6 x 0 Rio Grande do Sul (Hidilberto 3 x 0 Walmor, Ademar 4 x 1 Ângelo e Milton 7 x 1 Sambaquy), Pernambuco 4 x 2 Sergipe, Rio Grande do Sul 6 x 0 Rio de Janeiro (Ângelo 1 x 0 Mury, Walmor 1 x 0 Paulo e Sambaquy 4 x 1 Adelson). A colocação final apontou: Bahia, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
No individual, onze técnicos
foram divididos em duas chaves:
Chave A – Oldemar Seixas (Bahia), Nivaldo (Paraíba), Jorge Compagnoni (R. Grande
do Sul), Paulo Henrique (Rio de Janeiro), José Marcelo Farias (Sergipe) e
Rafael Alves (Pernambuco)
Chave B – Airton Dalla Rosa (R. Grande
do Sul), Rodolfo Albuquerque (Pernambuco) Átila de Menezes Lisa (Sergipe),
Antonio Carlos Martins (Rio de Janeiro) e José Santoro Bouças (Pepe) (Bahia).
A final reuniu os dois
representantes de Sergipe: José Marcelo como campeão da Chave A e Átila de
Menezes Lisa, campeão da B. A pontuação das duas chaves foi a seguinte: Chave A
José Marcelo, 9 pontos, Oldemar Seixas, 8 pontos, Jorge Compagnoni, 6 pontos,
Rafael Alves, 4 pontos, Nivaldo, 3 pontos e Paulo Henrique, 0 pontos. A chave
B, Átila, 7 pontos, José Santoro Bouças (Pepe), 6 pontos, Airton Dalla Rosa, 5
pontos, Antonio Carlos Martins, 2 pontos e Rodolfo, 0 pontos. A vitória da partida final foi de Átila por 1
x 0, sagrando-se assim como o primeiro campeão brasileiro de futebol de mesa.
José Marcelo Farias foi um brilhante vice campeão. Como não havia prêmios aos
terceiros e quartos colocados, não houve jogos para decidir essas colocações,
ficando Oldemar Seixas e José Santoro Bouças considerados terceiros lugares e
Airton Dalla Rosa e Jorge Compagnoni, como quarto colocados.
O jornal A TARDE, da terça feira,
dia 13 de janeiro publicou uma reportagem informando que serão unificadas todas
as regras de futebol de mesa. Só muito tempo depois e após discussões
intermináveis é que ficou definido que nunca teremos uma união de regras.
Na reportagem, dizia que a Bahia
levantou, por equipes, o 1º Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa, enquanto
Sergipe, individualmente, foi o campeão através dos “técnicos” Átila Lisa e
José Marcelo, ambos baianos – o primeiro é filho do desportista Aldérico Lisa.
Na continuidade da reportagem
informa que esse campeonato foi promovido pela Liga Baiana de Futebol de Mesa
que, com muito sacrifício, vem procurando difundir esse esporte em todo o país,
inclusive batalhando pela regularização de suas regras. Continua falando sobre
detalhes do campeonato, dizendo que com os baianos ficaram as Taças de Defesa
Menos Vazada e Ataque Mais Positivo, além da Taça Eficiência, sendo que a Taça
Disciplina foi entregue ao Rio de Janeiro.
O certame foi encerrado com um
almoço oferecido a todas as delegações na Vila Canária, numa gentileza do
Ypiranga. Ademar Carvalho, presidente da Liga Baiana de Futebol de Mesa, quando
da realização da entrega dos prêmios, agradeceu a presença de todos os desportistas
e ao comércio o apoio dado ao evento. Nessa mesma reportagem ficou acertado que
o próximo campeonato seria realizado em janeiro de 1971, no Rio de Janeiro.
Isso não aconteceu, por divergências e acabou acontecendo em agosto de 1971 em
Recife.
Trago esse resgate da história da
primeira edição, para homenagear Flávio Lisa, Campeão Brasileiro de Futebol de
Mesa, filho do primeiro campeão. Trinta e nove campeonatos separaram essas duas
conquistas, as quais mostram que as boas lições frutificam abundantemente e os
resultados serão sempre apreciados por gerações.
Que esse exemplo sirva para
mostrar que os sonhos podem ser atingidos, desde que nos dediquemos a conseguir
essa realização.
Até a próxima.
5 comentários:
LH.ROZA...
Amigo AC.SAMBAQUY, parabéns por mais uma bela narrativa.
Até +
Oi Gothe:
O primeiro gol do Grêmio hoje foi uma amostra do grande talento de Zé Roberto que armou a jogada do gol. Um craque o Zè.
Um abraço,
Marcio Neves
Amigo Sambaquy, a Família Lisa está deveras agradecida pela bela homenagem, pautada num belíssimo relato histórico e com uma riqueza documental sem tamanho.
Estou muito feliz pela conquista!
PARABÉNS!
Amigo Flávio,
Vocês merecem toda a homenagem e a consideração que está sendo prestada. O Átila deu exemplos para todos nós e os frutos estão sendo colhidos. Continue essa caminhada vencedora em memória do meu inesquecível amigo.
Belíssimo relato! Pra os amantes do futmesa e da história como um todo, o seu valor é inestimável. Parabéns!
Luiz Rocha
Aracaju-SE
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