Peço licença ao amigo Sambaquy, para um registro especial nesse 08 de dezembro e que se faz necessário antes de sua coluna, o Bate Bola. Um ano atrás era inaugurada a Arena do Grêmio em Porto Alegre, a mais moderna Arena do país, trabalho que reuniu centenas, milhares de pessoas, e que por muito tempo foi objeto de dúvidas, pois muitos não acreditavam que sairia do papel. Pois bem, o nosso sonho e de incontáveis Gremistas já completa 1 ano, como uma fantástica realidade. Existem alguns privilégios na vida de uma pessoa, que se oferecem uma única vez, sou grato por ter podido fazer parte de mais esta incrível história. Quem acredita faz.
Com o pé no "taquinho" que marcava o centro do gramado, 04 de junho de 2010. A Arena do Grêmio foi inaugurada em 08 de dezembro de 2012.
BATE BOLA com Sambaquy
Ao escrever uma coluna para a AFM
Caxias do Sul, intitulada O MUNDO NUNCA MAIS SERÁ O MESMO, fui questionado pelo
querido amigo Enio Seibert, sobre um pronunciamento feito pelo Chico Buarque de
Holanda. Perguntado, em uma entrevista publicada na Revista Manchete, de 20 de
junho de 1970, por Armando Nogueira, se havia encontrado receptividade para o
futebol de botão, na Itália, Chico respondeu: - Eles jogam um botão muito
diferente do nosso, mais chegado ao dos baianos, por exemplo. Com peteleco,
bola chata e outros bichos. O Politeama F. R., não conseguiu impor suas regras.
Chico sempre jogou com bolinhas esféricas, tendo estranhando muito a maneira de
jogar dos baianos, com o disquinho fazendo às vezes de bolinha.
O Enio achou que eu fizera alguma
confusão ou interpretado equivocadamente as palavras do botonista Chico
Buarque, afirmando que os italianos praticam uma modalidade de futebol de mesa chamada
SUB-BUTTEO, como a tradução literal diz, botão acoplado a um boneco de plástico
na sua parte superior, que é um futebol de mesa predominante na Europa. Ásia e
Américas. Os seus campos de jogo de lona plastificada medem aproximadamente um
metro de comprimento e a bola é esférica, com altura desproporcional,
semelhante à dos bonecos sobrepostos aos botões.
Continua dizendo que, pode-se
concluir que a maneira italiana de jogar, não tem similaridade com a baiana. A
bola esférica não é perfeitamente redonda como a paulista de feltro ou a
pernambucana, de borracha sintética, pois possui uma espécie de gomos que
ajudam a travar em seus deslocamentos sobre a mesa. Os petelecos que acionam as
jogadas são movimentos desferidos pelo dedo indicador do técnico da equipe,
diferente do acionamento com os botões com a unha, usado pelos baianos.
Respondi-lhe que as palavras
ditas pelo Chico estavam arquivadas em um compendio sobre o futebol de mesa,
guardados na AFM Caxias e que providenciaria, através do Rogério Prezzi, uma
cópia da reportagem para dirimir as suas dúvidas sobre a veracidade do que
havia escrito.
O Chico tomou conhecimento da
Regra Brasileira quando realizou uma turnê pela Bahia e foi levado à sede da
Liga Baiana, onde jogou uma partida contra Oldemar Seixas. Na ocasião foi-lhe
presenteado um time do Fluminense, fabricado pelo mais famoso artesão de
Salvador, Senhor José Aurélio da Silva. Portanto, ele conhecia o futebol de
mesa dos baianos e sabia do que estava falando.
Outro detalhe, falado pelo Chico
é o “peteleco” que no dicionário está grafado como: Peteleco, s.m. (Brás.) –
Pancada com a ponta dos dedos, dada em geral nas orelhas das crianças.
Sinônimo: picotê e, na Bahia, Chá de burro. Certamente ele quis referir-se ao
modo baiano de jogar, utilizando a unha para o deslocamento dos botões. A
interpretação ficará dúbia sempre, e só será elucidada se perguntada
diretamente ao autor da declaração.
Eu não seria leviano ao ponto de
“inventar” uma fala do botonista Chico Buarque de Holanda, pois, quando escrevo
sobre os acontecimentos do passado me baseio naquilo que guardei desde o início
dos anos sessenta. É um rico acervo que conta muitas histórias sobre o futebol
de mesa durante a fase de estabelecimento como esporte de salão. Havia superado
a fase infantil, aquela fase de jogar em porões e garagens, entre meninos.
Estava ganhando ares de idade adulta e eu sempre acreditei que tudo o que fosse
recolhido e guardado poderia, num futuro não muito distante mostrar aos adeptos
do esporte, o quanto foi penoso e difícil a caminhada.
Por essa razão solicitei e mostro
a página da revista Manchete, com as perguntas formuladas por Armando Nogueira,
Baden Powell e Dóris Monteiro, nas quais Chico relata o seu amor pelo futebol
de mesa, para ele, o futebol de botões.
O futebol de mesa na Europa, Ásia
e Américas não é só SUB-BUTTEO. Como aqui, lá, devem existir pólos onde o
futebol de mesa possa ser praticado de diversas maneiras, razão pela qual eu
acredito na veracidade da declaração do Chico. Na Espanha pratica-se um futebol
de mesa semelhante à Regra Pernambucana, com o arqueiro no estilo de um botão,
mas com bastante altura. No leste Europeu pratica-se o SECTORBALL e no Japão a
regra 12 toques está sendo praticada por uma agremiação, conforme noticia o
Futebol de Mesa News. Todas essas modalidades são praticadas no Vasco da Gama,
na cidade do Rio de Janeiro.
Para ilustrar envio algumas fotos
que atestam as informações desse Bate Bola.
Time pronto para jogar em Barcelona, repare no goleiro
Jogo realizado em Barcelona
Futebol de mesa no Japão
O representando do Futmesa japonês, Halley, com os paulistas De Franco e o ex-presidente Farah.
Até a próxima.
2 comentários:
Amigo Sambaquy:
Eu adquiri dois times de sectorball. Os botões de sector não podem ter mais de 50 mm de diãmetro. Geralmente os botões são altos para o nosso costume. Se acha time de sector com o padrão de altura próximo ao que nós jogamos na um toque. Os botões são adquiridos a um custo menor do que os da nossa regra. Eu comprei a uns dois anos atrás dois times usados feitos na Hungria. O colega, botonista brasileiro, me vendeu um por R$60,00 e o outro por R$80,00.
Um abraço,
Marcio Neves
Amigão Sambaquy. Lendo o relato, fico mais convicto que a bola esférica deixou de ser utilizada em algumas regras, mais pela dificuldade de jogar com desenvoltura, do que qualquer outra coisa. Não me recordo de ter visto jogo de botão com "bola" achatada antes dos anos 60. Fica o registro. Abração.
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