Primeiro quero agradecer ao Ricardo Gothe pelo convite, fiquei honrado em ser o Cromo de nº 40, edição especial, vou tentar contar um pouco da minha história de apenas 10 anos de Futebol de Mesa.
Nos primeiros dias de 1987 em Porto Alegre minha excelentíssima mãe começou a sentir fortes contrações, e então constatou que era chegada a hora de entregar ao mundo mais um gauchinho! Ela então rumou ao hospital... Mãe de Deus ? Moinhos de Vento ?? Clínicas ??? Que nada!!! A inusitada ideia dela foi me ter na famosa Santa Casa de Pelotas. Alguns devem estar pensando: Meu Deus o que ela fez? Coitado! Ela amaldiçoou o guri! Vai ser viadinho! Eu já penso totalmente diferente, graças a ela nasci numa cidade maravilhosa e além da minha família tenho mais duas paixões oriundas de lá, o meu Xavante e o Futebol de Mesa, essa última não é por acaso, Pelotas é a capital MUNDIAL do Futebol de Mesa!!!
Meu contato com o nosso esporte começou como na maioria dos casos, com “panelinhas”, botões de camisa, goleiro de plástico ou de caixinha de fósforo ou qualquer outra coisa que pudesse impedir um gol, mas em meados de 1993 minha tia Fernanda casou-se com, se não foi o melhor, com certeza, um dos melhores botonistas que eu vi jogar, o “The Iceman” Aldyr Schlee, então o meu contato com o futmesa foi ficando cada vez maior (parece papo de drogado, mas não é). Quem não joga não entende, isso é que nem droga, vicía, te deixa eufórico, te deixa em depressão, faz tu gastar dinheiro, perder emprego, perder mulher e tu luta contra isso o ano inteiro, as vezes janeiro tu fica sem jogar, com muita força de vontade fevereiro também, aí você está quase “limpo” e chega março com o extenso calendário da FGFM e quando menos se espera já está afundado no vício de novo!!
Mas voltando ao assunto, com o casamento também ganhei a oportunidade de conviver com um dos caras que eu mais admiro, por sorte vou poder dizer isso, algo que talvez nunca tenha dito antes, tenho muito orgulho de conviver com o Sr. Aldyr Garcia Schlee, para todos um exímio escritor, excelente professor, criador do maior símbolo do futebol mundial, mas para mim, apenas tio Schlee!! Meu maior incentivador!!
Com a presença dos Schlee’s na família fui tomando gosto pela coisa, assistia a horas e horas de treinamento deles, sempre ali do lado, quietinho de olho em tudo, feito um cão de mendigo, esperando o apito final pra pelo menos conseguir dar um chutezinho a gol. O tempo foi passando, fui ganhando times melhores, idade e um pouco de altura... Prestes a completar 16 anos, convenci minha mãe que queria estudar na Escola Técnica de Pelotas, eu já sabia que indo morar lá seria a chance de começar a jogar de verdade, resumindo, menti para ela pois eu nunca quis estudar no CEFET, mas consegui meu objetivo, fui residir e jogar botão em Pelotas. No dia do meu aniversário meu tio Aldyr me presenteou com meu primeiro time oficial, fui a loucura, passei a noite inteira limpando, parafinando, colando decadry, pois no outro dia pela manhã iria participar do meu primeiro campeonato, o torneiro de abertura da APFM, o resultado foi óbvio, a sorte que eu era café-com-leite.
Tive que treinar depressa, fazendo intensivos no sítio do tio Schlee porque em menos de dois meses aconteceria o Estadual Júnior de 2003, chegado o dia eu e meu primo Otávio Leão adentramos as dependências do COP, me senti como o Van Damme no filme Dragão Branco, um clima de torneio de vida ou morte e nesse tranquilo espírito passei da primeira fase, mas perdi na semi para o Felipe (AFUMEPA), fui para a decisão do 3º lugar como total azarão, o adversário era o Marquinho, dono da casa, com a torcida toda na volta da mesa, pressão total, mas como assuntos externos não ganham jogo, ele estava mais nervoso que eu, e nos minutos iniciais marcou um gol contra, aí foi só me defender e conquistar meu primeiro troféu, jogando a dois meses o 3º lugar no Estadual valeu como se fosse um título!!
Fiquei menos de 2 anos em Pelotas e tive que retornar para a capital, recém chegado aceitei o convite do Breno e fui conhecer o Dept. de Futmesa do Grêmio, pessoas legais, ambiente bom e campeonatos bem disputados me fizeram não ter dúvidas, ali seria minha nova casa, e como bom “boleiro” cheguei mostrando serviço logo de cara, tinha pouco mais de 2 meses de Grêmio e fui jogar a Copa Arthur Dallegrave no gigantinho, cheguei na final com excelente campanha, mas faltando 6 minutos estava perdendo de 2 x 0 para o bicampeão Estadual Juvenil, me lembro a cara de decepção do Carlos Kuhn me olhando, mas fui pra cima e busquei o empate, nos pênaltis conquistei o 1º ( e se não me engano, único) título externo do Dept. de Futebol de Mesa do Grêmio.
De lá pra cá sempre joguei com meus times de coração, Manchester United, Brasil e Grêmio, ganhei alguns títulos, bem menos do que eu gostaria, talvez por isso o apelido de “Eterna Promessa”, mas o mais importante é que nesses anos todos estou colecionando amigos, como meu eterno filho Cristian Costa, Mauricio Cadore, Jeff Lucas, Gothe, Cristiano Carneiro, Saul Martini e tantos outros que faltaria espaço para citá-los. Tentei fazer mais dois primos meus jogarem, mas para minha tristeza, por muita vagabundagem e muito trabalho, respectivamente o Gustavo Lima e o Mateus Araki pararam de jogar.
Então para perpetuar a nossa espécie “botonística” apelei para o plano B, casei e encomendei um bebê, estou ansioso para saber o sexo, será que vem mais um botonista aí? A única certeza é de que ele já está me dando sorte, até agora sou pai com 100% de vitórias, resta saber como será o resto da temporada de 2013! O ano que completo 10 anos de Futebol de Mesa.
Já me alonguei demais, a única coisa que desejo é que o nosso esporte nunca morra, obrigado ao tio Aldyr, tio Schlee, APFM, Geraldo Santana e todos os demais amigos que já fiz até hoje. Essa foi a história de um cara que não ganhou p***a nenhuma, mas com certeza já se divertiu muito!!