Alam casartelli é daqueles botonistas que ficaram um tempo no "auto molho", "desaparecido". Da escola de Futmesa da Riograndina, percebe-se que se jogar com frequência, poderá habitar brevemente o espaço normalmente franqueado aos grandes jogadores do Estado. Portanto, esta é uma temporada para que seja observado mais de perto, é um jogador com grande potencial. No cavado é forte como a tradição do sul gaúcho, nos lisos hoje já é um dos dois melhores jogadores da modalidade na Franzen de Porto Alegre, ao lado de Thiago Leão. O Studio de Verão em sua penúltima entrevista da estação quente do Brasil, traz este bate papo com Alam Casartelli.
Gothe Gol - Sempre é possível jogar as duas modalidades da regra brasileira, mas se tivesse que escolher uma única, seria cavado ou liso ? E por que ?
Alam - Já escolhi o Liso.
Sempre joguei futebol de mesa num estilo de “atacar” mais. A cavada e o chute a
gol eram as nossas “armas”. Venho de uma escola da Riograndina que na época era
representada nos Juniores principalmente pelo Silvio e por mim e acho que
influenciamos muito essa forma de jogar para outra gurizada que surgiu depois.
E nosso estilo sempre foi este. Quando olho o Careca e o Robin jogar me lembro
claramente da escola de Livramento. Acho que Rio Grande tem uma escola e um
jeito de jogar próprio também. Quando voltei a jogar e vi alguns botonistas de
Rio Grande jogando me lembrou muito esse estilo. Mas, por outro lado, percebi
que o jogo estava mais truncado também no cavado e que no Liso era mais
apropriado para jogar dessa forma, até mesmo correndo mais riscos. O Liso,
portanto, facilita este tipo de jogo, mesmo tendo consciência que também temos
que saber defender com um “tapa” ou até mesmo uma cavada na hora certa, correndo
riscos calculados e que inverta o jogo.
Gothe Gol - Como você analisa as chances da Franzen no
próximo Estadual de Equipes de liso, uma vez que ela não se encontra listada
entre os favoritos ? Você fará parte do grupo ?
Alam - Farei parte do grupo sim. Acho que o grupo está se
reestruturando. Tenho grandes amigos lá. Vamos principalmente para nos divertir
jogando botão. Falamos muito eu e o Leão sobre isso. Acho que não estamos entre
os favoritos, mas temos botonistas que vivem um bom momento mesmo no Liso.
Acredito que eu e o Leão temos feito partidas muito boas contra grandes feras
do Liso no Estado. O Leão ficou entre os oito melhores na Taça RS. Mas temos
consciência que estamos nos dedicando ao liso há pouco tempo e podemos evoluir
mais para fazer realmente frente no Estado. No brasileiro fiz também boas
partidas, considerando até mesmo a minha inexperiência na modalidade. Fui
desclassificado faltando dois minutos. Estava ganhando do Tiago do RN (grande
pessoa), que fez parte da equipe campeã, e ele empatou o jogo numa grande
jogada que começou na recuada difícil de bola na defesa. Eles fazem muito bem
isso. Iria ficar entre os 16. Mas meu grande jogo mesmo foi contra o Fera da
Bahia. Ganhei de 1 x 0 com um golaço. Grande adversário na mesa é o Fera (ficou
entre os oito melhores do Brasil – saindo nos pênaltis). Gente finíssima
também. Foi um grande aprendizado para mim jogar este primeiro brasileiro com o
pessoal do Norte do País. Gostei muito. Falando novamente das chances da Franzen, acredito que o André tem uma
grande experiência no Liso. Já foi campeão Estadual. Tem que ser muito
respeitado. O Breno se jogar o que joga internamente na Franzen é bem
competitivo. Mas reitero, vamos principalmente para nos divertir.
Gothe Gol - Na última da Taça RS dos lisos você ficou de
fora das duas vagas da Franzen, até onde se sabe por um encaminhamento de
competição interna que poderia não ter sido o mais adequado. Você acredita que
naquele momento, do ponto de vista técnico, poderia ter dado uma importante
colaboração ao seu clube na Taça ?
Alam - Acho que de forma técnica poderia sim contribuir. Estava num
bom momento. Vinha de alguns treinos fortes com a turma da Riograndina. Estava
firmando-me no Liso. Não gostaria de falar sobre o assunto. Mexeu muito comigo
pela forma que vejo o Futebol de Mesa.
Gothe Gol - O seu time normalmente é o Real Madrid, segue
sendo? É Real independente de cavados ou lisos ? E por que Real Madrid ?
Alam - Sim, segue sendo o Real Madrid. Adoro o Real Madrid desde os
anos 2000. Os famosos Galácticos me prendiam na frente da televisão. Curto essa
coisa de usar o uniforme: camisetas, abrigos, etc... Acho legal isso no futebol
de mesa. Tenho gosto também pela cultura espanhola, tanto é que nos cavados
jogava também com a seleção da Espanha.
Gothe Gol - Você já faz parte do maior álbum eletrônico do
Futmesa na internet, o GOTHE CROMO GOL, e lá contou sua história. Mas para quem
está acompanhando este bate papo, nos conte rapidamente a origem de sua forte
ligação com a Riograndina. Eles dizem que você está só emprestado para a
Franzen (risos).
Alam - Me orgulho de ser também da Riograndina. Voltei a jogar
botão menos de dois anos atrás (estava 22 anos sem jogar), por causa da
Riograndina. O Silvio é como um irmão. Junto com Alex, Duda, João, Michel, Ronir e outros, são muitos, fazem
dessa associação um exemplo e um orgulho para mim. É eu chegar em Rio Grande e
eles estão me esperando com um churrasco; A história é grande. Quem quiser
conhecer melhor pode dar uma lida no CROMO. Ali eu detalho bem essa relação.
Ela é acima de tudo de amizade. Quanto à brincadeira de empréstimo, o pessoal
da Franzen entende. No futebol de mesa é legal isso também, sendo feito com
respeito. Vejam como o Alex não larga do meu pé. Sempre faz uma piadinha. É legal,
me divirto. E imaginem se eu voltasse para Riograndina e o Alex deixasse de ser
o Messi (hehehe!). Voltei há pouco tempo, mas ele anda preocupado com a
concorrência, principalmente da turma do sênior na Bahia. Isso nos coloca em
dúvida sobre o seu futuro. Preocupa-me, pois torço muito pela Riograndina em
todas as categorias. Acho que ele tem que treinar mais e comprar um estoque
maior de réguas (hehehe!).
Gothe Gol - Falando um pouco de cavados, quais seus planos
para 2013 ? De uma forma geral, independente modalidade, quais as sua
perspectivas de resultados para esta temporada ?
Alam - Realmente não tenho
jogado mais cavados. Mas talvez jogue o estadual por equipes que vai ser em Rio
Grande. Vou jogar os campeonatos de liso. Infelizmente não tenho tempo para
treinar. A correria e responsabilidades da minha vida profissional são muito
grandes. Mas procuro ir todas as quintas jogar. Pretendo jogar os campeonatos
de forma competitiva. Ganhar é sempre um detalhe. Mas se você treina mais, tem
mais chances. Acho que é um ano para eu adquirir mais experiência e jeito de
jogar a modalidade liso. Voltei a jogar exatamente num momento em que o RS está
“descobrindo” o liso e estou aprendendo juntamente com muitos outros jogadores,
embora já tenhamos jogadores de destaque no Brasil. Mas temos que ser humildes
também para saber que precisamos aprender com os baianos principalmente as
“malícias” e o jeito de jogar a modalidade. Acredito que o pessoal me conheceu
no meio, estava muito tempo afastado e vejo que muitos já respeitam e admiram o
meu jeito de jogar. Isso já me deixa satisfeito, mas quero sim ir em busca de
títulos.
Gothe Gol - Você é reconhecido como coloradíssimo, e
conforme um parceiro de Franzen, “e dos chatos” (risos). O que se pode esperar
hoje do Inter nas grandes competições com o atual elenco (reduzido em relação a
2012) e comandado pelo Dunga ? Qual sua projeção pessoal como torcedor ?
Alam - Acho que o Inter está reconstruindo a sua equipe. Confio
muito no Dunga. Tenho informações que ele é uma grande pessoa no dia a dia. Os
seus vizinhos relatam que é uma excelente pessoa e de um trato inigualável. É
um cara que preza muito pelo sentimento de justiça. Isso acaba fazendo com que
ele extrapole em determinadas circunstâncias. Tem que aprender a se controlar
mais e fazer uma autocrítica em alguns momentos. Mas tem um grande
caráter. É acima de tudo uma pessoa de
grupo. Sabe lidar com estrelas, mas o grupo é o mais importante (lembram como ele
lidou com o Romário). Acho que no futebol um time vencedor começa por um
vestiário bem administrado. O grupo tem que estar fechado. Na verdade isso é
importante em tudo na vida. O Dunga fez isso na seleção e os resultados de
certa forma aconteceram. Pelo acontecido em 2006 ele tinha que colocar ordem na
casa para 2010 e fez. Não teria chegado na Copa se os resultados não tivessem
sido positivos. Foram vários títulos. Acho que o Inter está precisando disso
também; Se for assim e com algumas contratações pontuais podemos ser
competitivos novamente. Ganhar, muitas vezes, é o detalhe. Mas a o trabalho tem
que estar no caminho certo e tenho confiança nisso.
Gothe Gol - Quem é a sua referência como jogador no
botonismo ?
Alam - O Silvio. Para mim ele tem um talento natural. Mesmo sem
treinar muito o seu jogo flui facilmente. Quando estou em Rio Grande é o que
menos vejo treinar. Vi o Silvio jogar algumas partidas de liso bem acima da
média. Está evoluindo muito. O problema é que ele joga no “limite” e é difícil
fazer três, quatro partidas constantes naquele estilo, mas se estiver no seu
dia para mim ninguém joga tanto. Nos cavados nem se fala. É somente ver quem
ganhou mais estaduais nos últimos tempos.
Gothe Gol - Tivesse que escolher um único título para ganhar
na temporada, qual seria?
Alam - Vou falar em termos de desejo, mas sei que tenho que evoluir
para que isso se materialize. Gostaria de ganhar o Estadual de Liso, mas
acredito que preciso ter uma constância maior no meu jogo. Acho que já fiz
partidas bem competitivas com o pessoal de Caxias, por exemplo, que é
referência no Liso. Mas preciso de uma constância maior. Isso só acontece
jogando. Por isso gosto de estar em todos os campeonatos, embora seja difícil
conciliar com as atividades profissionais; Acho que precisamos ter mesas mais
parelhas também aqui no Sul. Concordo plenamente com o que o Bauer falou na sua
entrevista do Studio de Verão, que é difícil ter que pensar no andar da mesa e
também na forma de jogar dos baianos. Para ser mais competitivo precisamos jogar
nas mesas que eles jogam que no meu ponto de vista facilita mais o jogo que as
nossas. Nas mesas deles é menos difícil tapear, dar cortes e a bola ficar na
mesa, trocar bola. O botão tem que andar
e a bola ficar na mesa. Acredito que temos talento de sobra no RS, mas não dá
para ter que se adaptar nas mesas na última hora. Estou falando isso no sentido
de termos chances maiores de ganhar um brasileiro. Na Franzen, por exemplo,
temos três mesas boas, mas todas diferentes. Quando acreditamos que chegamos
numa confiança maior de dar um tapa, por exemplo, o jogo acontece em outra mesa
e a coisa já não flui da mesma forma. É difícil
pensar num alto nível de precisão dessa forma. Claro que as mesas nunca serão
totalmente iguais. Mas devem ser parecidas. Hoje isso não acontece no RS. Esse
é o nosso maior desafio no meu ponto de vista.
Gothe Gol - Se fala muito em grupo, parceria, união no
Futmesa, mas na hora da busca por uma vaga em competição externa não é bem isso
que se percebe, parece que todos os meios são válidos para obter um lugar neste
ou naquele campeonato. Você acredita neste espírito coletivo que todos pregam e
discursam, mas que nem sempre (quase nunca) acontece na prática, ou o Futmesa
por ser na essência um esporte individual justifica que se pense primeiro no
“eu” e depois no que seria melhor para os resultados do clube ?
Alam - Acho que isso é um reflexo de como é a vida hoje. A
sociedade está muito voltada para o EU. Sou crítico quanto a isso. No esporte
isso se potencializa por ser uma competição, embora a vida também seja isso
muitas vezes. Claro que quando vamos para uma competição todos queremos ganhar,
mas temos que ter consciência do lado ético. Também, muitas vezes, acontecem
circunstâncias que você não imagina. Você interpreta de um jeito, o adversário
de outro. Já aconteceu isso comigo. Às vezes é difícil se controlar, estamos
com o “sangue quente”, do momento do jogo. Mas acho que depois, fora do calor da
mesa temos que analisar com calma o que aconteceu e tentar mudar. É difícil, mas
tem que ser assim. Acho que os clubes precisam mais desse espírito. As
rivalidades internas também são grandes. Existem vaidades. Um quer ser dito como
melhor que o outro no meio. Isso é que admiro na Riograndina. São todos
excelentes jogares e você percebe a vibração de uns com a vitória dos outros
nas competições individuais. Jogam realmente juntos. É como diz o slogan da
Riograndina: Somos fortes porque somos unidos. Isso é facilmente percebido na
comemoração de cada título.
Para finalizar essa entrevista gostaria de agradecer o convite e mandar um grande abraço para os amigos botonistas e destacar que temos que ser altamente competitivos sim, mas termos claro que se não nos divertimos jogando futebol de mesa, perde o sentido praticar esse maravilhoso esporte.
2 comentários:
Grande Alam
Primeirmente agradecer tuas palavras, sei que não sou merecedor (talento natural), tudo na vida é treino, dedicação, gostar do que façamos e com certeza voltar a conviver com o amigo é um dos meus títulos de maior valor!
Um forte abraço
Silvinho
GOSTEI ALAM....SEGUINTE...
EU SEI QUE TÁS PASSANDO POR UM MOMENTO DIFÍCIL NA TUA VIDA MEU PARCEIRO. MAS NÃO TE PREOCUPA, AS COISAS VÃO MELHORAR....
E DIZ PRA LIA QUE QUALQUER DIA DESSES EU E A MULHER VAMOS VISITAR TEU BARRACO!
ABRAÇÃO!
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