terça-feira, 12 de março de 2013

STUDIO DE VERÃO - Alam Casartelli




















Alam casartelli é daqueles botonistas que ficaram um tempo no "auto molho", "desaparecido". Da escola de Futmesa da Riograndina, percebe-se que se jogar com frequência, poderá habitar brevemente o espaço normalmente franqueado aos grandes jogadores do Estado. Portanto, esta é uma temporada para que seja observado mais de perto, é um jogador com grande potencial. No cavado é forte como a tradição do sul gaúcho, nos lisos hoje já é um dos dois melhores jogadores da modalidade na Franzen de Porto Alegre, ao lado de Thiago Leão. O Studio de Verão em sua penúltima entrevista da estação quente do Brasil, traz este bate papo com Alam Casartelli.

Gothe Gol - Sempre é possível jogar as duas modalidades da regra brasileira, mas se tivesse que escolher uma única, seria cavado ou liso ? E por que ?

Alam - Já escolhi o Liso. Sempre joguei futebol de mesa num estilo de “atacar” mais. A cavada e o chute a gol eram as nossas “armas”. Venho de uma escola da Riograndina que na época era representada nos Juniores principalmente pelo Silvio e por mim e acho que influenciamos muito essa forma de jogar para outra gurizada que surgiu depois. E nosso estilo sempre foi este. Quando olho o Careca e o Robin jogar me lembro claramente da escola de Livramento. Acho que Rio Grande tem uma escola e um jeito de jogar próprio também. Quando voltei a jogar e vi alguns botonistas de Rio Grande jogando me lembrou muito esse estilo. Mas, por outro lado, percebi que o jogo estava mais truncado também no cavado e que no Liso era mais apropriado para jogar dessa forma, até mesmo correndo mais riscos. O Liso, portanto, facilita este tipo de jogo, mesmo tendo consciência que também temos que saber defender com um “tapa” ou até mesmo uma cavada na hora certa, correndo riscos calculados e que inverta o jogo.

Gothe Gol - Como você analisa as chances da Franzen no próximo Estadual de Equipes de liso, uma vez que ela não se encontra listada entre os favoritos ? Você fará parte do grupo ?

Alam - Farei parte do grupo sim. Acho que o grupo está se reestruturando. Tenho grandes amigos lá. Vamos principalmente para nos divertir jogando botão. Falamos muito eu e o Leão sobre isso. Acho que não estamos entre os favoritos, mas temos botonistas que vivem um bom momento mesmo no Liso. Acredito que eu e o Leão temos feito partidas muito boas contra grandes feras do Liso no Estado. O Leão ficou entre os oito melhores na Taça RS. Mas temos consciência que estamos nos dedicando ao liso há pouco tempo e podemos evoluir mais para fazer realmente frente no Estado. No brasileiro fiz também boas partidas, considerando até mesmo a minha inexperiência na modalidade. Fui desclassificado faltando dois minutos. Estava ganhando do Tiago do RN (grande pessoa), que fez parte da equipe campeã, e ele empatou o jogo numa grande jogada que começou na recuada difícil de bola na defesa. Eles fazem muito bem isso. Iria ficar entre os 16. Mas meu grande jogo mesmo foi contra o Fera da Bahia. Ganhei de 1 x 0 com um golaço. Grande adversário na mesa é o Fera (ficou entre os oito melhores do Brasil – saindo nos pênaltis). Gente finíssima também. Foi um grande aprendizado para mim jogar este primeiro brasileiro com o pessoal do Norte do País. Gostei muito. Falando novamente das chances da Franzen, acredito que o André tem uma grande experiência no Liso. Já foi campeão Estadual. Tem que ser muito respeitado. O Breno se jogar o que joga internamente na Franzen é bem competitivo. Mas reitero, vamos principalmente para nos divertir.

Gothe Gol - Na última da Taça RS dos lisos você ficou de fora das duas vagas da Franzen, até onde se sabe por um encaminhamento de competição interna que poderia não ter sido o mais adequado. Você acredita que naquele momento, do ponto de vista técnico, poderia ter dado uma importante colaboração ao seu clube na Taça ?

Alam - Acho que de forma técnica poderia sim contribuir. Estava num bom momento. Vinha de alguns treinos fortes com a turma da Riograndina. Estava firmando-me no Liso. Não gostaria de falar sobre o assunto. Mexeu muito comigo pela forma que vejo o Futebol de Mesa.

Gothe Gol - O seu time normalmente é o Real Madrid, segue sendo? É Real independente de cavados ou lisos ? E por que Real Madrid ?

Alam - Sim, segue sendo o Real Madrid. Adoro o Real Madrid desde os anos 2000. Os famosos Galácticos me prendiam na frente da televisão. Curto essa coisa de usar o uniforme: camisetas, abrigos, etc... Acho legal isso no futebol de mesa. Tenho gosto também pela cultura espanhola, tanto é que nos cavados jogava também com a seleção da Espanha.

Gothe Gol - Você já faz parte do maior álbum eletrônico do Futmesa na internet, o GOTHE CROMO GOL, e lá contou sua história. Mas para quem está acompanhando este bate papo, nos conte rapidamente a origem de sua forte ligação com a Riograndina. Eles dizem que você está só emprestado para a Franzen (risos).

Alam - Me orgulho de ser também da Riograndina. Voltei a jogar botão menos de dois anos atrás (estava 22 anos sem jogar), por causa da Riograndina. O Silvio é como um irmão. Junto com Alex, Duda, João, Michel, Ronir e outros, são muitos, fazem dessa associação um exemplo e um orgulho para mim. É eu chegar em Rio Grande e eles estão me esperando com um churrasco; A história é grande. Quem quiser conhecer melhor pode dar uma lida no CROMO. Ali eu detalho bem essa relação. Ela é acima de tudo de amizade. Quanto à brincadeira de empréstimo, o pessoal da Franzen entende. No futebol de mesa é legal isso também, sendo feito com respeito. Vejam como o Alex não larga do meu pé. Sempre faz uma piadinha. É legal, me divirto. E imaginem se eu voltasse para Riograndina e o Alex deixasse de ser o Messi (hehehe!). Voltei há pouco tempo, mas ele anda preocupado com a concorrência, principalmente da turma do sênior na Bahia. Isso nos coloca em dúvida sobre o seu futuro. Preocupa-me, pois torço muito pela Riograndina em todas as categorias. Acho que ele tem que treinar mais e comprar um estoque maior de réguas (hehehe!).

Gothe Gol - Falando um pouco de cavados, quais seus planos para 2013 ? De uma forma geral, independente modalidade, quais as sua perspectivas de resultados para esta temporada ?

Alam - Realmente não tenho jogado mais cavados. Mas talvez jogue o estadual por equipes que vai ser em Rio Grande. Vou jogar os campeonatos de liso. Infelizmente não tenho tempo para treinar. A correria e responsabilidades da minha vida profissional são muito grandes. Mas procuro ir todas as quintas jogar. Pretendo jogar os campeonatos de forma competitiva. Ganhar é sempre um detalhe. Mas se você treina mais, tem mais chances. Acho que é um ano para eu adquirir mais experiência e jeito de jogar a modalidade liso. Voltei a jogar exatamente num momento em que o RS está “descobrindo” o liso e estou aprendendo juntamente com muitos outros jogadores, embora já tenhamos jogadores de destaque no Brasil. Mas temos que ser humildes também para saber que precisamos aprender com os baianos principalmente as “malícias” e o jeito de jogar a modalidade. Acredito que o pessoal me conheceu no meio, estava muito tempo afastado e vejo que muitos já respeitam e admiram o meu jeito de jogar. Isso já me deixa satisfeito, mas quero sim ir em busca de títulos.

Gothe Gol - Você é reconhecido como coloradíssimo, e conforme um parceiro de Franzen, “e dos chatos” (risos). O que se pode esperar hoje do Inter nas grandes competições com o atual elenco (reduzido em relação a 2012) e comandado pelo Dunga ? Qual sua projeção pessoal como torcedor ?

Alam - Acho que o Inter está reconstruindo a sua equipe. Confio muito no Dunga. Tenho informações que ele é uma grande pessoa no dia a dia. Os seus vizinhos relatam que é uma excelente pessoa e de um trato inigualável. É um cara que preza muito pelo sentimento de justiça. Isso acaba fazendo com que ele extrapole em determinadas circunstâncias. Tem que aprender a se controlar mais e fazer uma autocrítica em alguns momentos. Mas tem um grande caráter.  É acima de tudo uma pessoa de grupo. Sabe lidar com estrelas, mas o grupo é o mais importante (lembram como ele lidou com o Romário). Acho que no futebol um time vencedor começa por um vestiário bem administrado. O grupo tem que estar fechado. Na verdade isso é importante em tudo na vida. O Dunga fez isso na seleção e os resultados de certa forma aconteceram. Pelo acontecido em 2006 ele tinha que colocar ordem na casa para 2010 e fez. Não teria chegado na Copa se os resultados não tivessem sido positivos. Foram vários títulos. Acho que o Inter está precisando disso também; Se for assim e com algumas contratações pontuais podemos ser competitivos novamente. Ganhar, muitas vezes, é o detalhe. Mas a o trabalho tem que estar no caminho certo e tenho confiança nisso.

Gothe Gol - Quem é a sua referência como jogador no botonismo ?

Alam - O Silvio. Para mim ele tem um talento natural. Mesmo sem treinar muito o seu jogo flui facilmente. Quando estou em Rio Grande é o que menos vejo treinar. Vi o Silvio jogar algumas partidas de liso bem acima da média. Está evoluindo muito. O problema é que ele joga no “limite” e é difícil fazer três, quatro partidas constantes naquele estilo, mas se estiver no seu dia para mim ninguém joga tanto. Nos cavados nem se fala. É somente ver quem ganhou mais estaduais nos últimos tempos.

Gothe Gol - Tivesse que escolher um único título para ganhar na temporada, qual seria?

Alam - Vou falar em termos de desejo, mas sei que tenho que evoluir para que isso se materialize. Gostaria de ganhar o Estadual de Liso, mas acredito que preciso ter uma constância maior no meu jogo. Acho que já fiz partidas bem competitivas com o pessoal de Caxias, por exemplo, que é referência no Liso. Mas preciso de uma constância maior. Isso só acontece jogando. Por isso gosto de estar em todos os campeonatos, embora seja difícil conciliar com as atividades profissionais; Acho que precisamos ter mesas mais parelhas também aqui no Sul. Concordo plenamente com o que o Bauer falou na sua entrevista do Studio de Verão, que é difícil ter que pensar no andar da mesa e também na forma de jogar dos baianos. Para ser mais competitivo precisamos jogar nas mesas que eles jogam que no meu ponto de vista facilita mais o jogo que as nossas. Nas mesas deles é menos difícil tapear, dar cortes e a bola ficar na mesa, trocar bola.  O botão tem que andar e a bola ficar na mesa. Acredito que temos talento de sobra no RS, mas não dá para ter que se adaptar nas mesas na última hora. Estou falando isso no sentido de termos chances maiores de ganhar um brasileiro. Na Franzen, por exemplo, temos três mesas boas, mas todas diferentes. Quando acreditamos que chegamos numa confiança maior de dar um tapa, por exemplo, o jogo acontece em outra mesa e a coisa já não flui da mesma forma. É difícil pensar num alto nível de precisão dessa forma. Claro que as mesas nunca serão totalmente iguais. Mas devem ser parecidas. Hoje isso não acontece no RS. Esse é o nosso maior desafio no meu ponto de vista.

Gothe Gol - Se fala muito em grupo, parceria, união no Futmesa, mas na hora da busca por uma vaga em competição externa não é bem isso que se percebe, parece que todos os meios são válidos para obter um lugar neste ou naquele campeonato. Você acredita neste espírito coletivo que todos pregam e discursam, mas que nem sempre (quase nunca) acontece na prática, ou o Futmesa por ser na essência um esporte individual justifica que se pense primeiro no “eu” e depois no que seria melhor para os resultados do clube ?

Alam - Acho que isso é um reflexo de como é a vida hoje. A sociedade está muito voltada para o EU. Sou crítico quanto a isso. No esporte isso se potencializa por ser uma competição, embora a vida também seja isso muitas vezes. Claro que quando vamos para uma competição todos queremos ganhar, mas temos que ter consciência do lado ético. Também, muitas vezes, acontecem circunstâncias que você não imagina. Você interpreta de um jeito, o adversário de outro. Já aconteceu isso comigo. Às vezes é difícil se controlar, estamos com o “sangue quente”, do momento do jogo. Mas acho que depois, fora do calor da mesa temos que analisar com calma o que aconteceu e tentar mudar. É difícil, mas tem que ser assim. Acho que os clubes precisam mais desse espírito. As rivalidades internas também são grandes. Existem vaidades. Um quer ser dito como melhor que o outro no meio. Isso é que admiro na Riograndina. São todos excelentes jogares e você percebe a vibração de uns com a vitória dos outros nas competições individuais. Jogam realmente juntos. É como diz o slogan da Riograndina: Somos fortes porque somos unidos. Isso é facilmente percebido na comemoração de cada título.

Para finalizar essa entrevista gostaria de agradecer o convite e mandar um grande abraço para os amigos botonistas e destacar que temos que ser altamente competitivos sim, mas termos claro que se não nos divertimos jogando futebol de mesa, perde o sentido praticar esse maravilhoso esporte.

2 comentários:

Silvinho disse...

Grande Alam
Primeirmente agradecer tuas palavras, sei que não sou merecedor (talento natural), tudo na vida é treino, dedicação, gostar do que façamos e com certeza voltar a conviver com o amigo é um dos meus títulos de maior valor!
Um forte abraço
Silvinho

duda disse...

GOSTEI ALAM....SEGUINTE...
EU SEI QUE TÁS PASSANDO POR UM MOMENTO DIFÍCIL NA TUA VIDA MEU PARCEIRO. MAS NÃO TE PREOCUPA, AS COISAS VÃO MELHORAR....
E DIZ PRA LIA QUE QUALQUER DIA DESSES EU E A MULHER VAMOS VISITAR TEU BARRACO!
ABRAÇÃO!