BATE BOLA com Sambaquy

Na próxima semana teremos em Caxias do Sul a disputa do Gaúcho Senior de Lisos. Tenho tomado conhecimento das grandes realizações que os meus conterrâneos estão promovendo, sempre com um brilhantismo notável. Nem sempre foi assim, pois os deslocamentos eram muito mais difíceis do que na atualidade. Geralmente recebíamos a visita de radialistas, como Oldemar Seixas, narrador de jogos do Bahia e Ivan Lima, já falecido, que era o grande nome do esporte pernambucano. Vinham a serviço a aproveitavam para bater uma bolinha com os iniciantes gaúchos que só utilizavam a modalidade liso.

A visita de Ivan Lima, da TV Radio Clube de Recife

  

Ivan Lima foi dessas pessoas que entram na vida da gente para sempre. Apesar de já haver falecido há alguns anos, continua na memória de muitos amigos que praticam o futebol de mesa, na Regra Brasileira.

Ivan foi o realizador do 2º Campeonato Brasileiro, realizado nas dependências do Ginásio Geraldo Magalhães, o Geraldão, na Imbiribeira, em Recife. Lá, no ginásio, alojou todas as delegações, fornecendo-lhes alimentação. Foi um grande passo numa época bastante difícil.

Mas, em 20 de novembro de 1969, Ivan veio até Caxias do Sul. Entrou em contato comigo e, como bom anfitrião, solicitei uma dispensa no Banco e passei o dia com esse amigo, juntando dois promissores botonistas que levaria a Salvador, em janeiro, para o Primeiro Brasileiro: Airton Dalla Rosa e Jorge Compagnoni. Na AABB realizamos um quadrangular, onde pudemos aquilatar a nossa preparação para a grande disputa que iniciaria a história do futebol de mesa, a nível nacional. Ivan não foi páreo para nenhum dos três gaúchos. Eu empatei meus jogos com os dois meninos e o Jorge acabou vencendo ao Airton e ficando com um dos mais lindos troféus até hoje apresentados no futebol de mesa. A mim coube o segundo lugar. Nessa época éramos assistidos pela MAPRO – Materiais de Propaganda, que trabalhava com acrílico, a qual nos ofertou os troféus, devidamente gravados.

Em janeiro nos encontramos em Salvador, e Ivan foi incansável com toda a turma gaúcha. Ele que era baiano, mas vivia em Pernambuco há muito tempo, defendia o Galícia, seu time de coração. 

As visitas do Jomar Moura à Caxias do Sul

O então presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, Jomar Antonio de Jesus Moura, frequentemente visitava a nossa cidade, incentivando à prática do futebol de mesa. Em fevereiro de 1971, realizamos um torneio na AABB, com a sua presença e mais os botonistas caxienses Sylvio Puccinelli, Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa e esse botonista que escreve esses Bate Bolas falando do passado. Jomar ganhou dos dois e empatou comigo, ficando com o título de campeão.

Em julho de 1972, juntamente com Orlando Nunes, representou a Bahia no 3º Campeonato Brasileiro, realizado sob o patrocínio do Conselho Municipal de Desportes pela Liga Caxiense de Futebol de Mesa, onde conseguiu ficar com o 4º lugar da competição. Gostou de tudo o que viu, pois passou a voltar para a Pérola das Colônias e jogar o seu futebol de mesa, com o seu Santos F. C., impulsionado pelo seu famoso pente. (Isso deve ter dado origem às réguas tão utilizadas na atualidade.)

Em setembro de 1972, retornou a Caxias e nos procurou. Organizamos um Torneio, sempre na AABB e convidamos o Mário de Sá Mourão, presidente do Conselho Municipal de Desportos, que havia recebido de presente um Botafogo F. R., das mãos do Orlando Nunes.

Para esse torneio, o Sá Mourão mandou confeccionar uma medalha comemorativa, com os dizeres: AO 1º COLOCADO NO TORNEIO R.G.S. x BAHIA – C.M.D. – L.C.F.M. – CAXIAS DO SUL.

Participavam do Torneio Marcos Barbosa (LCFM), Almir Manfredini (Guarany), Jorge Resende (Vasco da Gama), Mário de Sá Mourão (CMD-CX SUL), Adauto Celso Sambaquy (AABB) e Jomar Moura (Bahia).

Primeiro jogo: Sambaquy 1 x Jomar 0. Depois disso ninguém mais conseguiu segurar o Flamengo caxiense. O Jomar ainda perdeu para o Almir Manfredini. Os meus jogos seguintes foram Marcos Barbosa (São Paulo) 1 x 1, Almir Manfredini (Internazionale) 1 x 1, Jorge Resende (Vasco da Gama) 5 x 2 e Mário de Sá Mourão (Botafogo) 4 x 0.

Consegui ficar em primeiro, pois os restantes ficaram embolados. Era a primeira vez que um gaúcho vencia um torneio em que os baianos participavam. Talvez isso fosse inacreditável na época, mas a medalha ficou comigo para provar. Faz parte do meu acervo.

Isso mexeu com os brios do Jomar. Perdeu uma chance de ter mais um troféu em sua galeria e no mês seguinte, isto é, em outubro, voltou a Caxias. Veio com ganas de ganhar e novamente em um torneio não perdoou ninguém. Venceu com méritos e levou para casa a sua medalha que o CMD fornecera. Nessa ocasião me venceu por 3 x 0. Estava com o espinho entalado na garganta.

Como podem notar, as promoções eram feitas na base do improviso, aproveitando a passagem de algum botonista notório na cidade. Bem diferente do que está sendo visto atualmente, pois são promoções bem elaboradas e muito bem cuidadas por essa valorosa turma do futebol de mesa, da entidade que, daqui vinte e um meses estará completando o seu primeiro cinqüentenário de fundação. Quero estar vivo para poder estar lá e abraçar a cada um dos botonistas daquela cidade, recordando a noite de junho de 1965, nas dependências do Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti, ajudamos a fundá-la para a glória e grandeza de nosso esporte.

Até o próximo Bate Bola.