domingo, 3 de novembro de 2013

BATE BOLA com Sambaquy




















No meu terceiro Bate Bola comentei sobre uma excursão que fizemos à Bahia, a convite de Oldemar Seixas. Na ocasião o Oldemar havia se indisposto com o pessoal da Liga Baiana e fundara a Associação Baiana de Futebol de Mesa. Seriamos os padrinhos dessa nova agremiação, participando de um torneio. 

Conseguimos uma equipe que era composta pelo Sérgio Calegari (um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa), Adaljano Tadeu Cruz Barreto, Airton Dalla Rosa, Mário de Sá Mourão (Presidente da Comissão Municipal de Desportos, de Caxias do Sul) e eu. Nossa saída de Caxias, no final do inverno daquele ano, nos fez usar roupas quentes, as quais foram sendo retiradas no decorrer da viagem e ao chegarmos à Salvador, estávamos em mangas de camisas.

Oldemar nos esperava no aeroporto, que naquela época se chamava Dois de Julho, e nos levou ao hotel. Na manhã seguinte o Jomar Moura nos apanhou no Hotel e sugeriu uma surpresa: visitar o José de Souza Pinto, o tradicional presidente da Liga Baiana. José de Souza Pinto, ou melhor: Zé Pinto era um baianinho pequeno, com mais ou menos 1,55 de altura, metido a macho, que em uma de minhas viagens (1971) sentado ao meu lado, me intimou: Sambaquy, não sei se a minha velha agüenta, mas se agüentar, você terá de vir à Bahia para batizar o filho que vou fazer. Disse que poderia contar comigo e que para mim seria uma honra. Era assim o Zé Pinto. Acompanhava a turma em todas as andanças e certa ocasião, em uma casa pouco recomendável, onde eram encontradas raparigas, seu membro endureceu. Subiu na mesa e exibiu orgulhoso a todos, dizendo que ele era macho potente. Até que, alguém gritou: - pega uma sirigaita e vai para o quarto, pois se amolecer, só daqui a um ano vai endurecer de novo...

O Zé trabalhava em uma oficina mecânica. Era Torneiro. Durante o dia ele vestia macacão engraxado, mas, à noite, quando o pessoal do futebol de mesa se reunia, ele estava sempre de paletó e gravata. Afinal, era o presidente de honra da entidade, apesar de nunca ter jogado futebol de mesa. Era sogro do grande botonista Nelson Carvalho, um dos maiores botonistas da Bahia de todos os tempos.

Chegando à oficina, Jomar parou o carro e eu desci e fiquei ao lado da porta. Jomar gritou lá de fora: - Ó Zé, venha cá, venha ver os gaúchos que querem lhe conhecer!!!

Esbaforido, como sempre fora, Zé chega à porta, olha para o grupo e pergunta: - Cadê Sambaquy!!!! Eu estava ao lado e o peguei no colo, dizendo: - Estou aqui meu velhinho. Descemos os degraus e fui apresentá-lo aos gaúchos: - Esse é o Airton Dalla Rosa. O Airton apressa-se e aperta a mão do Zé e ele diz Della Rosa, é famoso por aqui. Continue apresentando: - Esse é o Adaljano, esse é o Calegari. Deixei o Sá Mourão por último. O Sá Mourão aprontava todas e mais algumas. Imaginava-se que algo iria acontecer. Foi quando o Zé aproximou-se dele e eu disse: Esse é o Sá Mourão.

O Zé era uma figura inesquecível, educado e impoluto: a cada mão que apertava dizia prazer, estou encantado em conhecê-lo. Esticou a mão para o Sá Mourão, no sentido de apertar a sua, mas o gaúcho gozador agarra o velhinho, puxando-o contra si, e lasca um beijo em sua face. A risada correu solta e o Zé, dando um pinote, virou com os olhos esbugalhados em minha direção e disse apavorado:
- Sambaquy, o que é que você trouxe ai????? Na brincadeira, disse-lhe: - É amor a primeira vista. Se o pessoal já estava rindo da cena inusitada, agora se contorciam de tanto rir. Jomar estava sentado no chão, chorando de rir. Desta vez eu vou colocar as fotos, pois o Rogério Prezzi me enviou, atendendo ao meu pedido.

Não é necessário dizer que, pela primeira vez, o Zé Pinto não nos acompanhou em nossa estada pela Boa Terra. Deve ter levado a sério a paixonite do Sá Mourão e ficou com medo.

Depois disso, Jomar nos levou ao Boteco do Tião, onde era servido um peixe em panela de barro, muito apreciado por todos os turistas. Lá o Oldemar iria nos encontrar. Com o sucesso da reação do Zé Pinto, Sá Mourão resolveu aplicar o mesmo no Oldemar.

Esse chegou quando estávamos bebericando uma cerveja bem geladinha. Então ao cumprimentar todo mundo, o Sá Mourão repetiu o gesto. Ninguém pagava imposto para rir, e o Oldemar, tomado de surpresa, colocava as duas mãos no rosto dizendo, o que eu vou falar lá em casa, sendo beijado por um homem...e num lugar público... que vergonha!!!!

Foi um dia para desopilar o fígado.







Mas, como havíamos viajado com a obrigação de jogar futebol de mesa, fomos levados à Liga da Barra, do Dr. Orlando Nunes, onde jogamos contra diversos botonistas, a saber: Vital Cavalcanti, Guilherme Freitas, Raimundo Gantois, Dr. Valter Motta e Orlando Nunes, num ambiente de excelente camaradagem. 

Disputamos os jogos do Torneio de inauguração da Associação Baiana de Futebol de Mesa, contra Oldemar Seixas, José Ataíde, Luiz Alberto Magalhães, Geraldo Holtz e Guilherme José, todos campeões baianos. Um detalhe que chamou a atenção de todos nós foi a decoração do time Milionários, de Luiz Alberto Magalhães, que além do distintivo de metal, números gravados nos botões, cada um deles ainda trazia o emblema da empresa Adidas, feito com muito capricho, como se ela o patrocinasse. Foi a primeira vez que vimos esse tipo de decoração em botões.











Após, fomos recepcionados na Liga da Pituba, onde seu presidente Otávio Dantas ofereceu um coquetel maravilhoso aos visitantes gaúchos. Enfim, foi uma semana maravilhosa que vivemos naquele ano de 1973. 

Aliás, foi a primeira vez que o Calegari saiu das fronteiras de Caxias do Sul.  O Futebol de Mesa fazia milagres naquela época.

Até a próxima, se Deus permitir.

2 comentários:

lhroza disse...

LH.ROZA.
Como diria o "poeta" QUE BELEZA !!! ler + 1 x sua COLUNA ...
1 forte abç. aos amigos AC.SAMBAQUY

JEFERSON AVILA disse...

mendigar vaga?? sua entidade foi avisada!! inclusive lobato pediu telefone pra vc entrar em contato e esse telefone foi dado!!! agora se vc não foi avisado problema de sua entidade e seu, não venha com esse papo de mendigar vaga não!!!APFM merece respeito..