No meu terceiro Bate Bola
comentei sobre uma excursão que fizemos à Bahia, a convite de Oldemar Seixas.
Na ocasião o Oldemar havia se indisposto com o pessoal da Liga Baiana e fundara
a Associação Baiana de Futebol de Mesa. Seriamos os padrinhos dessa nova
agremiação, participando de um torneio.
Conseguimos uma equipe que era composta
pelo Sérgio Calegari (um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa),
Adaljano Tadeu Cruz Barreto, Airton Dalla Rosa, Mário de Sá Mourão (Presidente
da Comissão Municipal de Desportos, de Caxias do Sul) e eu. Nossa saída de
Caxias, no final do inverno daquele ano, nos fez usar roupas quentes, as quais
foram sendo retiradas no decorrer da viagem e ao chegarmos à Salvador,
estávamos em mangas de camisas.
Oldemar nos esperava no
aeroporto, que naquela época se chamava Dois de Julho, e nos levou ao hotel. Na
manhã seguinte o Jomar Moura nos apanhou no Hotel e sugeriu uma surpresa:
visitar o José de Souza Pinto, o tradicional presidente da Liga Baiana. José de
Souza Pinto, ou melhor: Zé Pinto era um baianinho pequeno, com mais ou menos
1,55 de altura, metido a macho, que em uma de minhas viagens (1971) sentado ao
meu lado, me intimou: Sambaquy, não sei se a minha velha agüenta, mas se
agüentar, você terá de vir à Bahia para batizar o filho que vou fazer. Disse
que poderia contar comigo e que para mim seria uma honra. Era assim o Zé Pinto.
Acompanhava a turma em todas as andanças e certa ocasião, em uma casa pouco
recomendável, onde eram encontradas raparigas, seu membro endureceu. Subiu na
mesa e exibiu orgulhoso a todos, dizendo que ele era macho potente. Até que,
alguém gritou: - pega uma sirigaita e vai para o quarto, pois se amolecer, só
daqui a um ano vai endurecer de novo...
O Zé trabalhava em uma oficina
mecânica. Era Torneiro. Durante o dia ele vestia macacão engraxado, mas, à
noite, quando o pessoal do futebol de mesa se reunia, ele estava sempre de
paletó e gravata. Afinal, era o presidente de honra da entidade, apesar de
nunca ter jogado futebol de mesa. Era sogro do grande botonista Nelson
Carvalho, um dos maiores botonistas da Bahia de todos os tempos.
Chegando à oficina, Jomar parou o
carro e eu desci e fiquei ao lado da porta. Jomar gritou lá de fora: - Ó Zé,
venha cá, venha ver os gaúchos que querem lhe conhecer!!!
Esbaforido, como sempre fora, Zé
chega à porta, olha para o grupo e pergunta: - Cadê Sambaquy!!!! Eu estava ao
lado e o peguei no colo, dizendo: - Estou aqui meu velhinho. Descemos os
degraus e fui apresentá-lo aos gaúchos: - Esse é o Airton Dalla Rosa. O Airton
apressa-se e aperta a mão do Zé e ele diz Della Rosa, é famoso por aqui.
Continue apresentando: - Esse é o Adaljano, esse é o Calegari. Deixei o Sá
Mourão por último. O Sá Mourão aprontava todas e mais algumas. Imaginava-se que
algo iria acontecer. Foi quando o Zé aproximou-se dele e eu disse: Esse é o Sá
Mourão.
O Zé era uma figura inesquecível,
educado e impoluto: a cada mão que apertava dizia prazer, estou encantado em
conhecê-lo. Esticou a mão para o Sá Mourão, no sentido de apertar a sua, mas o
gaúcho gozador agarra o velhinho, puxando-o contra si, e lasca um beijo em sua
face. A risada correu solta e o Zé, dando um pinote, virou com os olhos
esbugalhados em minha direção e disse apavorado:
- Sambaquy, o que é que você
trouxe ai????? Na brincadeira, disse-lhe: - É amor a primeira vista. Se o
pessoal já estava rindo da cena inusitada, agora se contorciam de tanto rir.
Jomar estava sentado no chão, chorando de rir. Desta vez eu vou colocar as
fotos, pois o Rogério Prezzi me enviou, atendendo ao meu pedido.
Não é necessário dizer que, pela
primeira vez, o Zé Pinto não nos acompanhou em nossa estada pela Boa Terra.
Deve ter levado a sério a paixonite do Sá Mourão e ficou com medo.
Depois disso, Jomar nos levou ao
Boteco do Tião, onde era servido um peixe em panela de barro, muito apreciado
por todos os turistas. Lá o Oldemar iria nos encontrar. Com o sucesso da reação
do Zé Pinto, Sá Mourão resolveu aplicar o mesmo no Oldemar.
Esse chegou quando estávamos
bebericando uma cerveja bem geladinha. Então ao cumprimentar todo mundo, o Sá
Mourão repetiu o gesto. Ninguém pagava imposto para rir, e o Oldemar, tomado de
surpresa, colocava as duas mãos no rosto dizendo, o que eu vou falar lá em
casa, sendo beijado por um homem...e num lugar público... que vergonha!!!!
Foi um dia para desopilar o
fígado.
Mas, como havíamos viajado com a
obrigação de jogar futebol de mesa, fomos levados à Liga da Barra, do Dr.
Orlando Nunes, onde jogamos contra diversos botonistas, a saber: Vital Cavalcanti,
Guilherme Freitas, Raimundo Gantois, Dr. Valter Motta e Orlando Nunes, num
ambiente de excelente camaradagem.
Disputamos os jogos do Torneio de
inauguração da Associação Baiana de Futebol de Mesa, contra Oldemar Seixas,
José Ataíde, Luiz Alberto Magalhães, Geraldo Holtz e Guilherme José, todos
campeões baianos. Um detalhe que chamou a atenção de todos nós foi a decoração
do time Milionários, de Luiz Alberto Magalhães, que além do distintivo de
metal, números gravados nos botões, cada um deles ainda trazia o emblema da
empresa Adidas, feito com muito capricho, como se ela o patrocinasse. Foi a
primeira vez que vimos esse tipo de decoração em botões.
Após, fomos recepcionados na Liga
da Pituba, onde seu presidente Otávio Dantas ofereceu um coquetel maravilhoso
aos visitantes gaúchos. Enfim, foi uma semana maravilhosa que vivemos naquele
ano de 1973.
Aliás, foi a primeira vez que o Calegari saiu das fronteiras de
Caxias do Sul. O Futebol de Mesa fazia
milagres naquela época.
Até a próxima, se Deus permitir.
2 comentários:
LH.ROZA.
Como diria o "poeta" QUE BELEZA !!! ler + 1 x sua COLUNA ...
1 forte abç. aos amigos AC.SAMBAQUY
mendigar vaga?? sua entidade foi avisada!! inclusive lobato pediu telefone pra vc entrar em contato e esse telefone foi dado!!! agora se vc não foi avisado problema de sua entidade e seu, não venha com esse papo de mendigar vaga não!!!APFM merece respeito..
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